Plano “B”
O que fazer quando falhamos no objetivo principal? Acabo de retornar de uma abençoada reunião com adolescentes internos de uma Unidade da Fundação Casa. Não eram muitos, hoje tivéramos cerca de 13 internos, jovens que em nossos cultos ouvem atentamente a Palavra de Deus e com muita alegria cantam os louvores.
Pouco antes de ali chegarmos, conversando com um pastor do nosso grupo este me disse em tom confidencial:
— Irmão Daniel, as vezes prefiro estar aqui falando a estes jovens que estar falando a crentes na Igreja.
É algo difícil de se ouvir e até mesmo, à primeira vista, pareça soar de forma muito incoerente.
Depois de adentrarmos ao prédio, depois ainda da tradicional revista para acessarmos a área dos internos, e já estando no local de culto, enquanto ainda nos preparávamos ligando a pequena caixa acústica e o microfone e violão, fiquei remoendo este pensamento e infelizmente cheguei a conclusão de que entendo o sentimento deste experimentado homem de Deus, pois de fato muitos crentes e muitas igrejas, não vivem o que ouvem, não se alegram na presença de Deus, não amam seus líderes, e por fim, não se amam.
Muitos nem mesmo sentem o sabor da palavra de Deus, pois se tornou rotina irem a igreja e assim o fazem domingo após domingo, não possuem convicção de pecado e não buscam agradar a Deus.
Compreendi que aquele pastor como que se imaginasse a plantar em terreno árido, pois não via o crescimento que esperava dos seus ouvintes, não via sequer júbilo na salvação.
Logo em seguida iniciamos os cânticos e os jovens começaram a se ajeitar nas cadeiras plásticas no laboratório da unidade.
Enquanto ouvia as vozes alegres dos jovens a cantar, com a alegria e o entusiasmo que desejaríamos ver nas igrejas fiquei ali pensando comigo mesmo, que culto maravilhoso aquele em que estávamos participando, nem mesmo parecia estarmos naquele lugar de tristeza.
Estávamos em apenas quatro pessoas a ministrar àqueles jovens, assim sendo estávamos então em dezessete pessoas no total, entretanto parecíamos ser pelo menos uma centena tal o brado de alegria que ecoava por aquele prédio.
O prédio bem como todas as instalações são exemplares, verdadeiro modelo de gestão, agradeci a Deus por aqueles jovens encontrarem naquele lugar a possibilidade de um recomeço.
Um dos irmãos trouxe uma palavra, em seguida mais cânticos, depois foi minha vez de trazer algo e então me veio ao coração um pensamento que compartilhei com os jovens e compartilho com você querido leitor.
Comentei com eles o seguinte:
Algum tempo atrás, durante uma visita comercial que fiz, abordei um empresário oferecendo meus serviços.
O homem estava muito deprimido, fumava muito enquanto conversávamos, e percebi a amargura e desesperança para com o amanhã, afinal os negócios não corriam bem.
Observei que acendia um cigarro atrás do outro e me compadeci dele.
Dei algumas opiniões sobre o trabalho dele, tracei algumas estratégias e possibilidades e ele ouviu meio desconfiado.
Não se interessou no momento por meus serviços, mesmo assim, o abençoei e antes de sair ainda disse a ele que parasse de fumar o mais rápido possível, para que tivesse mais tempo para estar com seus queridos e viver a saúde que Deus lhe proporcionara.
Ele me olhou seriamente e rapidamente saí, pensando até mesmo que ele poderia me tocar de lá por haver me intrometido em sua vida pessoal.
Passou-se um bom tempo e nestes dias lá passei novamente e parei para dar uma saudação, ele me recebeu com um sorriso e veio alegre ao meu encontro, logo acendendo mais um cigarro.
Falamos sobre negócios e ele me disse que seguira algumas das sugestões que eu dera e estava começando a dar algum resultado.
Novamente antes de sair eu já ia lhe dizendo que faltava ainda mais uma coisa e ele se antecipou dizendo-me que havia parado de fumar por trinta dias, mas recomeçara.
Percebi que ele ficara meio sem jeito, olhei seus dentes amarelados e conclui que fuma faz muito tempo e deve ter sido um grande esforço lutar durante trinta dias contra o vicio.
Não o constrangi e me despedi prometendo retornar em breve.
Depois de contar este episódio aos meninos perguntei sobre o que teria faltado àquele homem para conseguir deixar de fumar, afinal ele havia tentado por trinta dias e falhara.
Um deles levantou a mão e disse: Faltou Deus.
Então lhes perguntei se eles sabiam de que se tratava a expressão “Plano B”, alguns arriscaram dizer que é o Plano B é aquele que vem a seguir de um outro plano principal e que falha.
Disse-lhes então que na Bíblia tem um Plano B a nossa disposição, percebi que neste momento alguns olhos se fixaram em mim sem entender o que eu quis dizer.
Citei então as passagens bíblicas acerca de pecado, contidas em I João.
Falei que João nosso irmão na fé, era muito carinhoso, muito amoroso e compreensivo, assim como o próprio Jesus também o é, e nos escreveu uma recomendação que poderíamos até chamar de “Plano B”.
Começa como um plano principal para mantermos a comunhão com Deus:
“Filhinhos, não pequeis!”
Simples não é mesmo? É só não pecar e permaneceremos em comunhão com o Deus que é santo, mas na verdade a teoria não é tão simples na prática e ele bem sabia disso, por isso continua e nos sugere então o “Plano B”, o escape, para mantermos a comunhão com Deus.
“Mas, se pecardes, tendes um Advogado para com Deus, Jesus Cristo!”
E continua dizendo ainda que se nós dissermos que não temos pecado mentimos, entretanto, se confessarmos nossos pecados a Deus, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.
O “Plano B” portanto é reconhecermos a nossa fraqueza e a nossa necessidade da ajuda de Deus para vencermos obstáculos que não conseguimos vencer sozinhos, assim como aconteceu com o homem que citei anteriormente, que pensou que poderia abandonar seu vicio sozinho, mas surpreendeu-se ao perceber que não pôde, deparou-se com seu próprio limite.
É bom contarmos com o Plano B de Deus e recorrermos a Ele sempre que cometemos algo que nos tira da Sua comunhão.
Deus está sempre pronto a nos ajudar e a nos entender, desde que desejemos melhorar a cada dia nossa relação com Ele e lutarmos contra o pecado.
Concluindo devemos ter em mente que “As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã”, e assim sendo, enquanto temos o dom da vida, podemos recomeçar e buscar o Seu perdão.
Daniel Ferreira de Souza
AGEAS- Agencia Evangélica de Ação Social
[1-click-image-ranker]